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"Veremos surgir um comprometimento maior com Missões"

Noite numa igreja em algum lugar: Louvor inspirador, mensagem missionária desafiadora e exposição da realidade dos campos. Hora de encerrar o culto, certos de que, pela reação dos irmãos, veremos surgir um comprometimento maior com Missões naquela igreja, talvez até mesmos novos vocacionados... mas então o pastor daquela igreja vem à frente e faz, emocionado, sua aplicação: - É irmãos o desafio é grande como vimos... Por isso vamos começar aqui mesmo em nossa “Jerusalém”, comece em sua casa, sua vizinhança... Precisamos anunciar Jesus... venha fazer evangelismo conosco tal dia, e assim, enquanto os missionários fazem lá a gente faz aqui...

Frustração! Sentimento de insucesso, perda de tempo... será que quando falamos "missões", as pessoas escutam "evangelismo"? Não havíamos ido lá pra desafiar ao evangelismo local, mas falar de missões... 

É aí que acho, então, relevante pensar o que é Missões e o que é Evangelismo, se são a mesmíssima coisa, indissociáveis; se são antagônicas em algum momento; ou ainda se uma coisa está contida na outra ou resulta desta. 

Dr. John Piper (1946 -), pastor e escritor estadunidense conhecido por livros como Desiring God traduzido e publicado no Brasil como Em busca de Deus: a plenitude da alegria cristã, pela Shedd publicações, dá-nos uma dica interessante quando responde em vídeo sobre essa questão. Ele diz, dentre outras coisas mais:

"Evangelismo é falar a qualquer um em qualquer lugar o Evangelho... dizer o Evangelho a qualquer um é evangelismo. Você não tem que suceder nisto (ir além); evangelismo acontece mesmo que ninguém seja salvo. Missões é fazer isso atravessando as barreiras culturais, isso envolve aprender uma língua, aprender novos hábitos culturais onde não há igrejas e nem outras pessoas fazendo evangelismo. Então, evangelismo é falar a qualquer um o Evangelho, especialmente aqueles em sua cultura, e Missões é realizada em outras culturas e grupos linguísticos que não há ninguém fazendo isso, e ainda há um esforço especial em aprender a língua e a cultura, ter todo o pensamento antropológico e metodológico necessário para cruzar a fronteira da cultura para plantar a igreja lá e fazer o evangelismo".
  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Faço aqui algumas considerações no que implica pensar assim:

1.Missões, então, é EVANGELISMO.
2.Porém esse evangelismo é além das fronteiras da igreja, é "extra-muros" da realidade local da igreja.
3.Para isso aconteça há uma série de especificidades espirituais, metodológicas e técnicas que diferenciam missões de evangelismo local.
4.Nesse caso, Missões é feito não pelo missionário em si, mas pela igreja, no ensinar, despertar, identificar o vocacionado, treiná-lo e por fim enviar e viabilizar seu ministério, dando aquele suporte necessário para que ele possa ir evangelizar lá.
5.Por fim, o fruto da obra missionária - uma nova igreja autóctone - poderá, então, fazer daí pra frente, sozinha (sem mais o missionário), a evangelização local.
6.Vale repensar também que nem mesmo o evangelismo é apenas falar, pregar o Evangelho. Baratiamos demais o próprio evangelismo quando o reduzimos a uma simples e despretenciosa entrega de folhetos. É isso somado a todo o percurso e recursos que apontam para o fazer discípulos, batizando-os em nome do Pai... ensinando-os (Mt 28:19,20)... a constituição de uma igreja autóctone, 
7. Ou seja, "missões" envolve o "evangelismo", mas também o discipulado, o cuidado pastoral, o ensino eclesiástico e doutrinário, a conservação e defesa da fé aos ataques no campo, o preparo de liderança nativa – e para isso a tradução da Bíblia ou material de ensino quando necessário.

Assim, ser missionário é ser evangelista no sentido de Timóteo em II Tm 4:5 onde Paulo o exorta a fazer o "trabalho de evangelista", que incluía todos esses elementos acima, desde o ensino a todos quanto ao cuidado da doutrina e instituição de pastores e diáconos. Daí, ser missionário é ser evangelista, mas nem todos os evangelistas são missionários.

Talvez você, como eu na minha infância, tenha cantado: “Posso ser um missionariozinho se falar de Cristo ao companheirinho; posso trabalhar em minha terra [...] Não preciso atravessar os mares para dar aos outros novas salutares...”, mas precisamos rever isso. Admiro profundamente os evangelistas locais, especialmente aqueles que lidam corajosamente com grupos de risco como dependentes químicos, detentos, enfermos em situações terminais, moradores de rua, etc. Talvez não teria a coragem deles! No entanto, missões é algo diferente – Não melhor, nem pior; não mais honrável; apenas DIFERENTE por motivo de estratégia, de direcionamento, de foco específico, tempo (exclusividade), privações e consequentes desgastes fisico-psicológicos.

 

Veja o vídeo abaixo

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